Notas de autoria:
Não há muito o que possa ser dito para anteceder esse conto. Essa é uma das criações que me vêm à cabeça durante pequenos fleches de inspirações na madrugada.
Eu só espero que gostem!


A noite aqui muitas vezes cai sôfrega, e se estende nessa minha nova realidade. Me reviro na cama refletindo o quanto é cruel você não saber como me sinto. 
Olho para os lados, observo os reflexos lunares que adentram silenciosos pela janela e pairam nas paredes ao redor; únicas testemunhas das noites em que palavras chulas ecoavam destemidas em meio aos gemidos trêmulos.
Abro os braços sobre a cama buscando partes de você, e meu corpo se ondula em meio aos lençóis que  meses atrás  estariam carregados de suor. Fecho os olhos e te imagino passando pela porta, usando apenas a minha camisa larga, me direcionando o antigo olhar safado e, em seguida, o sorriso que eu bem conheço. Sozinha, mordisco os lábios e me pego ofegante quando o meu pensamento te toca. 
Sinto as minhas mãos deslizando sobre o meu corpo, como se clamassem em refazer os caminhos que antes eram percorridos pelas suas. De olhos fechados, consigo sentir o aroma quente de sua respiração em meu ouvido, e posso ouvir sua voz entrecortada e rouca, dizendo o quanto te enlouqueço.
Cravo uma das mãos em meio aos meus cabelos puxando-os loucamente e procuro a força ideal que antes tu usaras, enquanto a outra, segura fortemente o travesseiro que agora se encontra sobre mim um claro momento de insanidade. Sinto como se as partes ainda restadas de você percorressem ágeis em minhas veias.
Abro os olhos e me pego sôfrega, ofegante e a pele brilha em um suor já visível. Sinto o nervo rígido e pulsante, como se nesse momento competisse com o coração – difícil é saber quem dos dois almeja mais o seu corpo.
As mãos percorrem inconscientemente e adentram minhas roupas. Enquanto uma toca os meus seios, a outra encontra o sexo encharcado. Replico os movimentos antes feitos por seus dedos e, nesse momento, sem escrúpulos ou pudores, fecho os olhos e pronuncio seu nome em uma voz que soa emergente e descompassada. Os movimentos se multiplicam e me levam à um êxtase há muito tempo guardado.
Me deixo trêmula sobre a cama – que agora se encontra úmida –, abro e fecho os olhos enquanto a respiração se normaliza. 
Nesse momento, meus instintos mais despudorados esperam que, aonde estiver, você receba ao menos uma carta de tesão ou sinta o mínimo da excitação que as lembranças de sua antiga presença ainda me trazem.
Que maldade, meu amor, que maldade foi a sua em aparecer sorrateira e, por meses, me proporcionar as melhores noites; os melhores gozos. Deixar que eu me entregasse das formas mais profanas para, enfim, partir e levar consigo os meus desejos mais intensos e obscuros.
Que maldade a sua.










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